Mesmo com o fim do Estado Novo (1945), o sistema administrativo dos Estados foi mantido provisoriamente, enquanto forças políticas se recompunham, se articulavam e se organizavam em partidos, com vistas ao procedimento democrático das eleições do ano seguinte. No geral, era a expectativa da definição do quadro político que se firmaria após o pleito e assumiria o poder.
Nessa perspectiva é bom que se destaque a grande importância que os partidos passavam a ter como instituição, muito embora todos eles, indistintamente, se alimentem de clientelismo e fazem dele uma estratégia de aquisição e consolidação do poder.
As mudanças surgidas na realidade política, após os anos do estado Novo, não produziram uma substituição dos grupos de poder, muito embora exigisse deles uma reformulação político institucional. Vale dizer, que tanto a cúpula nacional como a dos Estados manteve - se com a mesma elite política que comandava o regime deposto, o que significa dizer que os grupos apenas redefiniram de acordo com as novas circunstâncias, dispostos a manter suas posições.
Trata - se, portanto, de um processo de adaptação da estrutura do poder as condições políticas, sociais e econômicas da nova situação. Os grupos políticos que se articularam com a redemocratização, têm uma origem comum nos partidos de antes de trinta. O centro polarizador para a estruturação de dois grandes partidos nacionais, nesse momento, foi o sistema das interventorias. Isso porque os políticos que lideravam as interventorias fundaram o PSD e UND.
João Café Filho, iniciador do populismo no Rio grande do Norte, não se squadrando em nenhum desses grupos, devido a seu discurso antioligárquico, chefiou no Estado o Partido Social Proguessista (PSP). Dessa forma, é notório que as forças políticas dividiram - se preferencialmente, nos quadros da UND e PSD, observando - se que, com o retorno dos partidos políticos em 1946, os antigos populistas mais radicais na oposição de Vargas, ingressaram na UND, enquanto os menos extremados formaram com o PSD.
Como era de se esperar, as divergências surgidas entre os membros do PSD, fizeram com que os insatisfeitos se desligassem do partido e se integrassem ao Partido Social Progressista - PSP, chefiado no Rio Grande do Norte por Café Filho, líder junto as massas urbanas. Também foi criado o Pártido Trabalhista Brasileiro - PTB, que teoricamente deveria ser a representação dos trabalhadores, mas que na prática não era, porque as massa de trabalhadores se identificavam com o PSP, pela a liderança de Café Filho.
Dessa forma, as forças políticas se mobilizaram definindo as novas lideranças na ação política, registrando oficialmente, no tribunal Regional Eleitoral, os Diretórios Regionais do PSD, UND, PTB, PSP e PCB.Também nesse momento, começam a se destacr o fenômeno das alianças e coligações. No Rio Grande do Norte, esse fenômeno já é notório, quando em 1947, a UND e PSP se coligaram para tentar derrotar o PSD.
No Estado, a situação política partidária era a seguinte:
PSD - Chefiado por Georgino Avelino.
UND - Liderado por José Augusto Bezerra de Medeiros e Dinarte Mariz.
PSP- Liderado por João Café Filho.
PTB - Dirigido pelo industrial Clóvis Mota.
Os resultados das primeiras eleições dessa nova fase confirmaram o PSD, UND e PSP, como partidos mais expressivos da preferncial elitoral, tendo em vista suas lideranças.
Retirado do livro: História do Rio Grande do Norte (Luiz Eduardo Brandão Suassuna e Marlene da Silva Mariz).
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